Tanto na fase de diagnóstico, como no tratamento/reabilitação da disfagia, é essencial o trabalho conjunto e inter-relacionado de vários profissionais da saúde.
Médico
O médico participa de maneira interdisciplinar, incluindo o clínico geral e especialistas como otorrinolaringologista, neurologista e pneumologista, ente outros. Ele realiza avaliações clínica e física dos pacientes. É o responsável legal pela prescrição da dieta dos pacientes, o que faz com base nos achados das avaliações clínica, fonoaudiológica e nutricional. Consciente da necessidade de determinar a fisiopatologia de base, associada à disfagia, o médico não-especialista encaminha os pacientes para as técnicas apropriadas de avaliação, conduzindo a melhora do cuidado e dando as opções de tratamento. O médico especialista conduz avaliações instrumentais da deglutição. O médico avalia o estado de hidratação e indica a melhor via de reposição. Faz indicação da melhor via de alimentação e oferece assistência constante. Todos os procedimentos invasivos, tanto diagnósticos como terapêuticos, são realizados pelo médico, como por exemplo, dilatações, introdução de cateter, gastrostomia endoscópica, traqueostomia e outros já citados.
Enfermeiro
O enfermeiro com conhecimento sobre o processo de deglutição é, usualmente, o primeiro profissional a identificar os sintomas de disfagia e relatá-los à equipe, assim como outas condições associadas, como a má-dentição ou próteses dentárias deficientes, presença de desnutrição e desidratação. Geralmente, é o profissional responsável pela assistência ao paciente hospitalizado durante as refeições.
Fonoaudiólogo
O fonoaudiólogo realiza a avaliação clínica das condições de deglutição do paciente, prescreve e participa da avaliação instrumental (videoendoscopia e videofluroscopia) da deglutição. A partir do estabelecimento de um diagnóstico, o fonoaudiólogo determina a possibilidade ou não de aspiração, e recomenda as características mais adequadas para a dieta via oral do paciente. Planeja e aplica um programa terapêutico individualizado, baseado nas dificuldades levantadas, utilizando os recursos terapêuticos (terapia indireta e direta) mencionados anteriormente. É o profissional diretamente responsável em preparar o paciente para ingerir alimentos e líquidos via oral. Realiza, também, orientações ao paciente e/ou cuidador sobre os procedimentos a serem adotados durante a administração da dieta via oral, com o objetivo de reduzir o risco de aspiração pulmonar dos alimentos. Coordena o programa de alimentação do paciente durante toda a internação. Conduz a progressão da consistência da dieta. Atua, de maneira ativa, na transição da alimentação via sonda/parental para a oral exclusiva.
Nutricionista
O nutricionista realiza tanto a avaliação nutricional aprofundada como a rotineira. O objetivo desse profissional é observar, detalhadamente, sinais e sintomas de carências nutricionais. A avaliação do estado nutricional é realizada através de parâmetros subjetivos, como a história e exame físico, e de parâmetros antropométricos e bioquímicos. A história inclui detalhes sobre os padrões alimentares passados e presentes, descrevendo dificuldades atuais, como também, a avaliação da necessidade de educação do paciente/família. O nutricionista avalia a capacidade do paciente/cuidador de obter e preparar alimentos, a adequacidade nutricional da dieta, as preferencias e os hábitos alimentares, as interações fármaco-nutriente, como também, a presença de próteses dentárias mal fixadas ou danificadas. Realiza o exame físico, que envolve a avaliação do nível de consciência e os sinais de deficiências nutricionais, como depleção da massa muscular e gordurosa, presença de escaras de decúbito, entre outros. A avaliação antropométrica inclui adequação e evolução ponderal, assim como avaliação das reservas corporais de gordura e massa muscular através de pregas cutâneas ou métodos mais sofisticados, como a bioimpedância e a densitometria. A avaliação nutricional laboratorial compreende informações como reservas protéicas viscerais (ex: albumina e transferrina séricas) e condições metabólicas (ex: glicemia).
A partir do diagnostico nutricional, o nutricionista determina as necessidades individuais de nutrição de nutrição, elabora cardápios, define técnicas de preparo, desenvolve receitas e auxilia nas seleções alimentares, dentro das preferências do paciente e disponibilidade do loca. É responsável, por exemplo, pela temperatura, consistência e boa aparência do alimento servido. Realiza avaliações, durante as refeições, quanto à tolerância da dieta prescrita. Acompanha o paciente em toda a sua internação. Participa, ativamente, da progressão da consistência da dieta via oral. O nutricionista também monitora e participa da seleção de dietas através de vias especiais de alimentação, por sonda ou parental, tanto no âmbito institucional quanto domiciliar. Acompanha, de maneira ativa, a transição da alimentação via sonda/parenteral para a oral exclusiva.
Fisioterapeuta
O fisioterapeuta trabalha com pontos essenciais da recuperação/reabilitação do paciente com disfagia, envolvendo a capacidade motora-muscular e visual. Problemas posturais, atrofia muscular e controle corporal, por exemplo, são trabalhados pelo fisioterapeuta. Juntamente com o terapeuta ocupacional, recomenda equipamentos e posicionamentos apropriados ao paciente. A fisioterapia respiratória é parte essencial da prevenção ou tratamento da aspiração.
Terapeuta Ocupacional
O terapeuta ocupacional avalia as capacidades de percepção motoras e visuais do paciente. É o profissional que indica e, diretamente, auxilia no posicionamento do paciente através de adaptações de equipamentos, como cadeiras, copos e talheres.
Psicólogo
O psicólogo é também um profissional essencial à equipe. O ato e o significado da alimentação são comportamentos primários. Encontram-se tão internalizados em algumas pessoas que as implicações psico-sócio-culturais da disfagia podem ser mais prejudiciais do que seus efeitos clínicos.
Um distúrbio de deglutição também pode ser decorrente da manifestação de quadros de ansiedade, depressão e conversão. A queixa frequente de sensação de “bola na garganta” tem sido associada a causas emocionais e psíquicas. Dessa forma, é essencial a participação de um profissional capacitado, com atuação ativa na busca da reabilitação do paciente disfágico.
Também, as alterações físicas adquiridas, como as neurológicas, levam a grandes e bruscas transformações no contexto pessoal, familiar, social e profissional do paciente. O psicólogo atua, ativamente, na busca da reabilitação desse indivíduo.
Dentista
O papel do dentista, no manejo da disfagia, tem muitas facetas. As doenças orais ou dentárias são fontes de crescimento bacteriano e aumentam o risco de pneumonia aspirativa. Também, várias condições orais, como má-dentição, próteses inexistentes, mal fixadas ou inadequadas e o tipo da mordida, podem dificultar a adaptação do indivíduo à alimentação via oral. Portanto, a orientação e acompanhamento do dentista, para o cuidado oral, são extremamente importantes na prevenção da pneumonia e desnutrição de pacientes disfágicos.
Assistente Social
O assistente social tem papel fundamental. Principalmente, quando o paciente deixa o ambiente hospitalar. No momento da alta hospitalar, uma série de fatores sociais começa a influenciar no plano de cuidado. As restrições financeiras, o estresse da família/cuidador, além de uma grande gama de variáveis, podem surgir a partir de uma condição crônica debilitante. O assistente social é o profissional que pode facilitar a vida dessas pessoas através da viabilização de recursos e serviços.
CONCLUSÃO:
Muitos dos assuntos importantes na área de disfagia ainda não estão resolvidos. Esta obra auxilia na perspectiva de qual direção tomar para assegurar que o problema seja, adequadamente, manejado.
A disfagia é um problema que pode aumentar o tempo de hospitalização e o risco de mortalidade do paciente. Também, em crianças, ela pode afetar seriamente o desenvolvimento físico e intelectual. Assuntos importantes, quanto ao problema, são: proteção das vias aéreas, relações entre disfagia, aspiração, desnutrição e desidratação são indiscutíveis.
No caso da disfagia não ser diagnosticada ou tratada de maneira apropriada, a desnutrição progressiva e suas sequelas podem aparecer. Geralmente, o diagnóstico requer avaliações clínica e instrumental. Uma vez identificada, é frequentemente possível iniciar um programa terapêutico que reduza o risco de complicações respiratórias e/ou a desnutrição.
A terapia nutricional implica mais do que a dieta. Ela inclui outros fatores, como: maneira de apresentação das refeições, os ingredientes, seu valor nutritivo e a adequação às necessidades individuais. As mudanças de hábitos alimentares e estilo de vida, muitas vezes necessárias, podem não ser fáceis para muitos indivíduos. Também, é essencial reconhecer que a disfagia pode ocorre em grupos muito variados de indivíduos. A interação entre profissionais da saúde, paciente e família é essencial para o sucesso do plano terapêutico. O planejamento nutricional individualizado, incluindo refeições criativas e nutritivas, como também o monitoramento, as revisões dos fatores de risco e os ajustes alimentares são essenciais para o sucesso no tratamento de pacientes disfágico.
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